quinta-feira, 14 de abril de 2016

Cannibal Corpse - A Skeletal Domain

É CANNIBAL CORPSE, PORRA! Esperar o quê?

Se fizermos uma retrospectiva da discografia do Cannibal Corpse, veremos que eles têm sido extremamente consistentes, mesmo que tenham feito algumas mudanças sutis ao longo do caminho. É claro que têm os álbuns com Chris Barnes (atualmente no Six Feet Under), mesmo assim todos os 4 álbuns foram bem diferentes. Com a entrada de Corpsegrinder no "Vile", onde eles deram um upgrade no lado técnico e fora o "Gallery of Suicide", que é um disco mais cadenciado, eles seguiram essa mesma linha até o "The Wretched Spawn". É aí onde a gente chega até a sonoridade dos dias atuais  da banda, começando com a volta de Rob Barrett para a obra-prima chamada "Kill". Cada disco, desde então tem sido fantástico, brutal e facilmente minha era favorita do Cannibal Corpse.


Enquanto "Kill" foi absolutamente uma obra-prima de técnica e brutalidade, "Evisceration Plague" foi mais reto e cativante; "Torture" trouxe um monte de influência da velha escola em termos de composição, e "A Skeletal Domain" soa como um pacote dos 12 últimos álbuns em um disco só, com uma atmosfera tão pesada que não era vista desde "Tomb of the Mutilated". Cada característica arquetípica do Cannibal Corpse é representada melhor do que nunca, com a groovada "Murderer's Pact", a mais thrash "Icepick Lobotomy", e mais um monte de blast-beats. Uma coisa que destaca este disco são as composições de Pat O'Brien, já que ele compôs mais músicas desta vez. As músicas dele sempre foram minhas favoritas, misturando muita técnica e um clima tão escuro e pesado que lembra muito Immolation. Todas as músicas são excelentes, mas se for pra pegar alguma favorita, eu escolheria "High Velocity Impact Spatter", "Kill or Become", "A Skeletal Domain", "The Murderer's Pact" e "Icepick Lobotomy". Quanto às performances de cada integrante, é praticamente redundante parabenizá-los. É a mesma coisa de todo disco do Cannibal Corpse: As guitarras excelentes, o baixo mitando, vocal doentio e insano, e a bateria naquele estilo inimitável do Cannibal Corpse de ser.

De todos os 13 discos da banda, o último é sempre o mais recomendável. Álbuns anteriores da banda, como "Tomb of the Mutilated" ainda são álbuns foda, mas perdem em variedade e, pra ser sincero, eu prefiro Corpsegrinder a Barnes cantando os clássicos como "Hammer Smashed Face" e "Stripped, Raped and Strangled". Mesmo que o gosto mude e se desenvolva com o passar dos anos, parece que agora, "A Skeletal Domain" ocupa um lugar ao lado do trono de "Kill", que nunca perderá sua majestade. E fez uma tarefa e tanto ao bater clássicos como "Bloodthirst", mas esse álbum é como uma rajada de ar fresco. Não é nada de novo, mas faz tudo BEM e CERTO.

Sente a pressão, vagabundo!


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Darkane - Layers of Lies

Você já está cansado do Thrash Metal "Moderno"?
Prepare-se para ouvir o Thrash Metal "Futurista"!


Após ouvir o excelente álbum "Expanding Senses", eu tinha expectativas moderadas para ouvir o "Layers of Lies", que praticamente expande os limites deixados pelo seu antecessor. Os refrões têm aquela coisa que fica grudada na cabeça, realmente os pontos altos da música. A faixa-título mesmo é a que tem o refrão que mais grudou na minha cabeça: "LIES! Layers of Lies"!! Vocais com muitas camadas que deram uma vibe futurista para algumas músicas. Esse cara também tem um excelente vocal thrash, bem raivoso e sempre cheio de energia. Andreas Sydow realmente tem um estilo único e, na minha opinião, foi o vocalista que melhor se encaixou ao estilo do Darkane (ele acabou saindo da banda em 2007).

Layers of Lies, de 2007
A música, em si, é um híbrido, uma mescla de vários elementos do Metal. Podemos ouvir Thrash Metal Moderno, toques de progressivo e Melodic Metal (ouça a instrumental "Maelstrom Crisis"), síncopes bem intrincadas de bateria e guitarra (às vezes soa como uma máquina, ouça "Godforsaken Universe" ou a mid-section de "Contaminated"), e um toque de Groove (ouça "Vision of Degradation"). Eu curto tudo isso, então é tudo muito bom. Isto é Metal Moderno e muitas bandas, na maioria das vezes,não incorpora muitos estilos, e talvez por isso, não consigam fazer algo diferenciado. no caso do Darkane, o resultado dessa mescla toda foram músicas bastante sólidas.

Uma observação: Os solos são muito legais de se ouvir, pra quem curte o uso de notas e escalas exóticas sobre acordes estranhos. Normalmente, vão de acordo com as bases. Você não vai ouvir nenhum virtuosismo pedante, mesmo eles sendo totalmente capazes disso.

A única "reclamação" que eu tenho é que que a primeira parte do disco é melhor que a 2ª. Das faixas 1 a 7, eu daria nota 9, e das faixas 8 a 12 eu daria nota 7. O que posso dizer também é que não há faixas "puláveis" neste disco. Logo, suponho que, se você é como eu, e curtiu o "Expanding Senses" então você irá ouví-lo muito depois da primeira vez. Mas se você não curtiu o "Expanding Senses", então, não chegue nem perto.

Segue uma playlist do disco no Youtube.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Defleshed - Under the Blade

Na frase "Suécia só tem bandas fodas", há um pleonasmo. Deixe-me dizer o porquê.


Guitarras rítmicas fuderosas [melhor que sejam, já que não tem nenhum solo!!!], bateria insana pra caralho, porém vocais mais ou menos em letras também medianas.

Mas os últimos 2 pontos são alguns pontos fortes do Defleshed. Como assim? Os vocais arrastados e às vezes mal-pronunciados trazem um elemento de diversão à música deles. É como se os caras dissessem: "Claro, nossas letras não são as melhores do mundo e nosso vocal é ainda pior, mas foda-se". Deste modo, mostra que o Defleshed não é exageradamente sério sobre a agressividade que pode ser vista nas guitarras rítmicas e na bateria. Isso faz com que fique bem mais divertido de se escutar a banda. Elas só não são br00tais em excesso.

Sobre as músicas, o que posso dizer? Tem bagulho bom aqui! "Entering My Yesterdays", "Metalbounded", "Under the Blade", "Thorns of a Black Rose", "Walking the Moons of Mars"... e a cover de "Curse the Gods", do Destruction é DE FUDER! [Talvez eu precise ouvir mais Destruction depois disso, hehehe.]
Se eu tivesse que escolher uma música como favorita do disco, provavelmente seria "Metalbounded". A música tem ótimos riffs e a bateria não é ultra-rápida, e a mid-section é perfeita pra bater cabeça.


No mais, esse álbum é foda pra caralho. Se você curte thrash metal com um pouco de death metal, ouça!




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Katatonia - The Great Cold Distance

Desencorajados? Jamais.


Parece que existe uma certa tendência no Metal de bandas que antes faziam um som puxado pra linha do Doom/Death resolveram adentrar no território do Rock. Agalloch mostrou essa influência de post-rock no álbum "The Mantle", e a Amorphis têm estado nessa há bastante tempo também. No entanto, a Katatonia fez isso de forma mais sutil. (e creio eu que fizeram da melhor maneira.)
O som no geral, se tornou mais acessível aos ouvidos, e Jonas (Renske, vocalista) eventualmente deixou os vocais guturais de lado para aderir de vez aos vocais mais limpos e mais expressivos, por assim dizer. "The Great Cold Distance" é um álbum com um aspecto bem maduro, bastante denso e honesto pra manter o ouvinte entretido por um tempo. E também é um álbum com bastante experimentações, claramente mostradas no uso de bateria programada nos versos de "Increase", e as notas ecoantes e doloridas que ressoam de fundo, durante o refrão de "Deliberation". No entanto, algumas faixas são bastante diretas e soam, ainda assim, pesadas. (Ex.: "Leaders", "Consternation".

Dá pra ver que a banda passou um bom tempo escrevendo estas músicas e prestou uma grande atenção aos detalhes e pequenas nuanças. Mesmo que muitas das músicas sigam uma estrutura muito simples, nada é mantido de uma forma só; os padrões de vocal mudam, entra uma nova linha de guitarra na mix, ou a linha de bateria muda, essas coisas. Falando nisso, o trabalho da bateria é incrivelmente legal de se ouvir, acentos bastante sutis no chimbal e na condução adicionam um tempero a mais, viradas precisas e feitas com muito cuidado pra transitar pelas passagens de cada música. No mais, o estilo da bateria é forte e progressivo; definitivamente é um ponto forte do disco. Voltando ao assunto da composição, a Katatonia alcançou um ponto de maturidade artística no gênero que não é fácil de se ver. Pode não ser o melhor álbum deles de acordo com algumas pessoas, mas certamente é um novo capítulo e um feito na discografia da banda.

Outra coisa bastante interessante é na produção. Mesmo que que haja muitos efeitos nas guitarras, nenhuma das alterações afeta a visão sobre o disco de forma negativa. O clima passado no disco só pode ser descrito como introspectivo: amargo, frustrado, deprimido e destacado são apenas algumas palavras que conseguem descrever melhor. Jonas Renske é o principal fornecedor desses estados de espírito e está totalmente posto no topo desse jogo. Liricamente, a banda nunca esteve tão bem. Cada palavra é escrita com uma sinceridade verdadeira e paixão, e a maioria das letras são memoráveis em sua própria postura. Temas pessoais são explorados, aprofundando-se em temas como separação daqueles que se amam, e confusão interior. A voz de Jonas também é um ponto forte, está mais dinâmica e está mais apta a se adaptar às seções mais quietas com facilidade enquanto mantém o poder que ela precisa em músicas como "My Twin" e "In the White".

O baixo também tem sua parcela de importância no disco. Mais do que um simples instrumento de fundo, é um instrumento totalmente independente e tece umas linhas interessantes ao redor do resto da banda. Em seus momentos autônomos, como no verso de "Increase", o baixo adiciona mais profundidade ao som como um todo. À medida que tudo se junta, o som passa a sensação de melancolia.

"The Great Cold Distance" se firma como um verdadeiro ponto de referência na discografia da Katatonia. Altamente recomendado.

Músicas favoritas: "Deliberation", "My Twin", "Rusted", "Increase", "In the White."
Pra quem ainda não entendeu do que eu tô falando, lá vai.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Ghoul - 2003 - Maniaxe

Provando que música boa tem que também ser divertida.


Então você curte Thrash Metal Old-School e Carcass? Você é desses que gostariam de arrancar as tripas de vários posers do Black Metal? E também curte horror?

Ao contrário de milhões de bandas que querem soar como clones do Cannibal Corpse ou do Morbid Angel, o Ghoul tem um approach bem peculiar no Death Metal. A começar, que eles pegam muito daquela vibe dos riffs Thrash Metal e misturam com os grooves, vocais e a bateria do Death Metal. Os vocais principais lembram muito o estilo de cantar de Jeff Walker. Assim como nos primeiros discos do Carcass, grande parte do resto da banda canta um pouco também em uma variedade de guturais "indecifráveis".

Mesmo que, à primeira ouvida, possa soar um pouco como Arch Enemy [que muitos, no começo, falavam ser um clone mal-sucedido do Carcass], "Maniaxe" chega como uma "rajada de ar fresco" e diferenciado devido a alguns motivos. Primeiro, o Ghoul faz uma abordagem de sua música com um tom carregado de ironia. Esses caras soam despretensiosamente, como se estivessem apenas se divertindo. As letras são bem-humoradas mas nada auto-depreciativo ou extravagante. A produção é bem crua mas te leva aos dias de glória do Thrash antigo e dos primórdios do Death Metal [pense no começo das bandas Death, Obituary, e é claro, Carcass].

O fato do Carcass ser mencionado constantemente neste review é algo bom.
Pois eles ensinaram muitas bandas que depois foram classificadas como "Splatter Metal" [não só o Ghoul] a trilharem um caminho e não soarem como um plágio da banda.

Pra terminar, fiquem com esta cover "inusitada" de "What a Wonderful World", de Louis Armstrong.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Slipknot - .5: The Gray Chapter

A morte de Paul Gray poderia facilmente dar fim ao Slipknot, mas a banda perseverou e dedicou o seu 5º álbum, ".5: The Gray Chapter" para o finado baixista.


Dividamos este review em 3 partes.


Quanto ao som:
O fato do Slipknot demorar a lançar seus discos deve, com certeza, ser uma das inúmeras razões pra cada um de seus álbuns serem tão lembrados, antes e depois de seus lançamentos. Mas mesmo antes que o 5º disco do Slipknot tivesse uma demo ou um título, as possibilidades da banda acabar estavam sendo bastante especuladas quando o baixista [e um dos membros fundadores] Paul Gray faleceu em 2010, dois anos após o lançamento do seu 4º álbum, "All Hope Is Gone". Após um hiato por conta do luto em que a banda se encontrava, o Slipknot decidiu continuar, embora timidamente, e em 2013, um 5º álbum estava finalmente em processo de criação. Não bastando a adversidade que enfrentavam, este disco também não mais incluiria seu baterista de longa data, Joey Jordison, cuja saída, até agora, não foi muito bem esclarecida. Com muitas pedras pra quebrar ao longo do caminho, ".5: The Gray Chapter" se tornou o álbum que, provavelmente gerou mais expectativa entre os fãs.
Antes de seu lançamento, o vocalista Corey Taylor descreveu o novo disco como um mix entre "Iowa" e "Vol.3: The Subliminal Verses", mas sinceramente, dá pra encontrar as essências de todos os álbuns anteriores da banda só neste novo. Desde o ritmo frenético das seções de blast-beats e palhetadas aceleradas até os solos que "roubam a cena" em "Killpop", "Nomadic" e "The One That Kills the Least", a técnica instrumental pós-Iowa da banda permanece intacta - tanto que nem dá pra perceber a ausência de Jordison - também Sid Wilson [o DJ] e Craig Jones [o responsável pelo sampler] trabalharam bem mais, e trouxeram uma essência bem forte da época do 1º álbum para o novo. Ao contrário do álbum "All Hope Is Gone", onde os riffs eram mais cheios de rodeios, neste aqui não, os riffs de guitarra são bastante diretos e concisos à la "Iowa", mesmo assim, são bem aprazíveis, como o riff de "Sarcastrophe" e a insanidade de "Custer". Os versos em "The Negative One" trazem uma similaridade com os versos de "Disasterpiece", "Nomadic" é bastante similar a "My Plague", e até mesmo o riff da bridge de "If Rain Is What You Want" aparenta ser uma versão mais lenta do riff da bridge de "I Am Hated".

Quanto às letras:
Esses sentimentos de culpa que constantemente afloram ao longo do álbum segue de mãos dadas com o tema primário do álbum: a morte de Paul. Só as primeiras palavras da faixa de abertura "XIX" ["this song is not for the living / this song is for the dead" - esta música não é para os vivos / esta música é para os mortos] claramente mostra a quem o disco é dedicado. Praticamente, toda música do disco contém uma linha que parece inspirada pela tragédia - desde a frase ["I don't want to watch another brother fucking die"] em "AOV", filosofando sinistramente ["some of us were meant to be outlived"] em "The Devil in I" até abordando a força que o Slipknot buscou após a morte de Paul em "Goodbye". Mas o maior tributo a ele está em "Skeptic", onde Corey aparece questionando a existência de um deus que deixou Paul morrer tão tragicamente é carregada com sua convocação pessoal sobre fazer a passagem de Paul pela banda ser eterna ["I won't let you disappear / I will keep your soul alive if I can't have you here"].

Impressão geral:
Muitos podem ridicularizar o Slipknot como posers ou se lamentarem sobre como irritante foi quando eles tiraram o chapéu para o Metal mais comercial com "Vol. 3: The Subliminal Verses", mas ainda assim eles merecem seu devido crédito, que não é pouco. Considerando que eles tiveram apenas quatro álbuns no currículo desde seu álbum de estreia em 1999, é impressionante o quanto eles conquistaram, e enquanto a marca Slipknot é suscetível à analogia de Kiss do século 21, eles louvavelmente fizeram o oposto e não deixaram o simbolismo tomar o lugar de sua música.

Não há dúvida que este foi um álbum seminal para o Slipknot em muitas formas, logo, existe muito mais franqueza e penitência verbal encontradas nestas letras do que em qualquer outro álbum da banda. Em relação à sua carreira longa e bem-sucedida, Taylor dá voz aos problemas que ele tem nesta situação - de extravasar seu desconforto sobre seu status como um cantor mega-famoso em "Nomadic", onde ele grita para todos "I need you to hate me" [algo como "eu preciso que vocês me odeiem"], e zombando de oportunistas gananciosos da indústria musical em "Lech", e "The Negative One", que poderia possivelmente mencionar a não-muito-clara separação entre a banda e Jordison. Mas ultimamente, muitos dos sentimentos negativos de Taylor nesse álbum se voltam contra ele, com um tema recorrente constantemente nas letras, abordando o senso de culpa que ele guarda e a punição que ele sente que merece.

Enquanto "Iowa" era pra ser uma evolução natural do 1º disco, e "All Hope Is Gone" era pra ser uma evolução natural do "Vol.3: The Subliminal Verses", ".5: The Gray Chapter" não está tentando ser o melhor álbum já feito da carreira do Slipknot, mas sim, um agregado do som deles nesses quase 20 anos de carreira. Considerando o fato de que fazem 6 anos desde o lançamento do último álbum deles [13 anos desde seu álbum mais aclamado, o "Iowa"], e dado ao fato de que eles perderam 2 de seus membros-chave antes de começarem a fazer o disco, o resultado poderia ser desastroso, mas não. Contudo, mais importante para a banda, ".5: The Gray Chapter" serve como um tributo apropriado a Paul, e quando o Slipknot tiver um público de milhares cantando junto o refrão de "Skeptic", é certeza de que o espírito de Paul se sentirá vivo - o que é provavelmente a única coisa que importa para eles com este álbum.

Fiquem com alguns aperitivos deste disco, os singles "The Devil In I" e "The Negative One".





segunda-feira, 6 de outubro de 2014

At the Gates - Slaughter of the Soul

O pináculo de Gotemburgo.

Uma verdadeira carnificina pros seus ouvidos!

Existem bandas que mudaram muito seu estilo musical durante sua carreira. Muitas das bandas ditas "cult" suecas de Melodic Death Metal estão nessa lista e o At The Gates é provavelmente um dos melhores exemplos. Eles foram os precursores de um movimento que explodiu alguns anos depois através de Dark Tranquillity ou In Flames. Como estes dois discípulos e muitos outros, eles começaram tocando Melodic Death Metal e foram mudando progressivamente para uma sonoridade mais orientada pro hardcore/metalcore.


Sabendo-se que Slaughter of the Soul foi o último lançamento da banda antes dela se separar, este álbum é o que mais tem raízes Metalcore. Mesmo quem não goste do gênero deve reconhecer que no caso do At The Gates, eles são uma exceção e que eles melhoraram como a melhor banda nesta evolução musical. Ao contrário de alguns compatriotas seus, que apenas se perderam ou se limitaram a tocar qualquer merda sem variação ou riffs interessantes, eles conseguem espancar nossos crânios sem dó e fazer um trabalho digno de prêmio com essa carnificina da alma [tradução aproximada do título do álbum Slaughter of the Soul] e é extremamente recomendado para as horas de maior instiga.

Só acho que o baixo poderia aparecer mais, pois é o instrumento que é o menos audível neste álbum. Mesmo assim, isso não afeta em nada a qualidade do disco e o baixo já é suficientemente presente pra reforçar o poder e a atmosfera criados pelas guitarras, cujos riffs são todos excelentes e cuja coesão é inegável. A bateria também é muito boa, alternando perfeitamente entre partes rápidas e partes mais pesadas. Os vocais estão muito intensos, talvez até melhores do que no álbum anterior, o Terminal Spirit Disease. Apesar da intensidade do seu som, o At The Gates não se preocupou muito em tocar o mais pesado ou o mais violento possível, realmente tem muito de melodia e a qualidade de muitos refrões é incrivel. Se você tiver a oportunidade de ouví-lo, você entenderá o quão inesquecíveis são os refrões de músicas como Unto Others, World of Lies, Suicide Nation ou Blinded By Fear.


Concluindo, se tem um cd que marca uma exceção em todos os álbuns de bandas que começaram tocando Melodic Death Metal que tiveram influências de Metalcore nos seus últimos lançamentos, sem dúvida é Slaughter of the Soul. O At The Gates foi uma das melhores bandas que eu já ouvi e este álbum é fenomenal e não deve ser comparado a esse monte de álbuns recentes que não passam de lixo, que ficam no meio termo entre o Melodic Death e o Metalcore. Eles foram mestres e permaneceram assim até o fim. A diferença principal entre este álbum e esses outros discos que vieram depois é que simplesmente, o At The Gates tem uma habilidade maior de criar uma música variada com riffs matadores e refrões incríveis. Não perca esta obra-prima, pois seria um sacrilégio imperdoável.

Encerro este texto com um aperitivo do disco, o single "Blinded By Fear".


Newsted - Heavy Metal Music

Nada de novo, mas tá valendo!

Heavy Metal Music - Álbum de estreia do Newsted

Observando o título do álbum, é muito massa ver Jason Newsted finalmente tendo seu próprio espaço. Depois de anos vivendo com o rótulo de "ex-Metallica" [e mostrando uma presença de palco mais carismática e mais agressiva que a do próprio James Hetfield], perder tempo com Ozzy e trabalhar pesado com o Voivod, ele finalmente está seguindo seu caminho. A proposta de seu grupo, "Newsted", não é tão original, mas é aquela coisa de Heavy Metal tradicional direto, sem firulas, nem frescuras. Claramente, percebemos influências de AC/DC, Black Sabbath e Motorhead, junto a influências mais modernas em seu som.

O próprio Newsted é a estrela do show. Ele, além do frontman, também faz a função de baixista. O baixo dele - que muitas vezes no passado, não tinha o devido destaque - é muito bem destacado e algo bem pessoal, fornece o peso certo para as músicas, com um som bem preenchido e definido. A voz dele [que é praticamente um mix de Chuck Billy e Lemmy], embora não seja muito versátil, é uma prova para o mundo do Metal e também uma amostra de seu entusiasmo e amor pelo gênero. Todos os outros integrantes ali estão só "dançando conforme a música". Mike Mushok [guitarrista, que também toca na banda de Post-Grunge Staind] faz bem seu trabalho nos solos, mesmo que não faça muito pra querer aparecer. As bases de Jessie Farnsworth [guitarrista] também marcam presença de forma moderada, frequentemente dominadas pelos solos e pelo baixo. Jesus Mendez Jr. é o responsável pela bateria. Ele também faz só o designado pra ele, mas é o que mostra mais energia e entusiasmo.


Ouça o disco aqui.


terça-feira, 22 de julho de 2014

O Estudo do Erro

Este texto foi tirado de uma coluna de um site especializado em bateria, mas o conceito é válido também para quem estuda e toca outros instrumentos.

Por Adalberto Brajatschek:

Todos conhecem muito bem a frase: “errar é humano”. Mas como seres humanos, estamos numa busca do entendimento e aperfeiçoamento de nossas faculdades e habilidades. Errar é preciso, mas também é preciso examinar os erros e aprender com eles.

Vamos dizer que o erro deriva de três pontos fundamentais:
• A falta de conhecimento da informação correta;
• A falta de preparo do corpo para executar a informação;
• A falta de concentração.

A falta de conhecimento da informação correta pode causar o erro, uma vez que os membros estarão recebendo uma informação imprecisa ou equivocada. Precisamos lembrar que tudo o que existe se inicia no cérebro em forma de ideia. Esta ideia deve ser a mais clara possível para que possa ser transmitida com facilidade para os membros. Este ponto se aplica muito bem à leitura musical. Devemos conhecer os ‘clichês visuais’ e não ‘adivinhar’ a leitura.

De nada adianta a clareza de informação se houver uma falta de preparo do corpo para executar esta informação. É importante pensarmos em todos os aspectos da parte física, como velocidade, resistência, coordenação, ambidestria, articulação, dinâmica, etc. A informação é o ‘software’ e o corpo é o ‘hardware’, a ferramenta que vai executar as ideias. Quanto mais apurada esta ferramenta, melhores serão os resultados.

Uma vez dominados os dois pontos anteriores, é preciso ter um domínio sobre a concentração. Ter um foco no momento presente é indispensável para evitar os erros. Na verdade, o fazer musical está realmente presente neste ponto. É na hora do play que nos entregamos e conversamos com a música. Todos os aspectos citados anteriormente são somente uma preparação.

Agora, toda vez que for estudar verifique se você compreendeu a proposta do exercício, preste atenção aos movimentos e desenvolvimento do seu corpo e foque no momento presente.

Fonte: batera.com.br

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Trivium - 2013 - Vengeance Falls

Consigo facilmente imaginar David Draiman cantando as músicas deste CD.

Este CD do Trivium contou com a produção de David Draiman [Disturbed] e de imediato percebe-se que ele trouxe mais confiança na maneira de cantar por parte de Matt Heafy. Não que antes ele estivesse sem essa confiança, mas ele realmente está melhor – vide os timbres e a variação vocal na faixa Wake [The End Is Nigh] e seu desempenho na ótima To Believe, em que a influência do produtor aparece em 100% das linhas vocais. Aqui e ali ainda escutamos aquele estilo James Hetfield [Metallica] e não há problema nisso. O Trivium é uma banda que não se acomoda!

As músicas mostram que o grupo achou seu estilo, uma maneira de compor em busca de um gênero próprio, afinal esse trabalho se mostra muito mais Thrash Metal com pegada Metalcore do que o inverso, mas sem perder o lado contemporâneo. Na parte de riffs e solos, tudo continua em alto nível. Existe uma variedade enorme de riffs e variações nas músicas, deixando tudo muito ativo e prazeroso de se escutar. Matt Heafy e Corey Beaulieu formam uma ótima dupla nas seis cordas! Aliás, vamos pegar como exemplo a faixa título [Vengeance Falls], com riffs poderosos sendo executados através de um refrão cheio de harmonias vocais e melodia.

Em geral, esse é um trabalho em que composição e letras estão passos à frente em comparação com o CD anterior, In Waves, de 2011. Realmente, mostraram um crescimento consistente.