Consigo facilmente imaginar
David Draiman cantando as músicas deste CD.
Este CD do Trivium contou com a produção de David Draiman [Disturbed] e de imediato percebe-se que ele trouxe mais confiança na maneira de cantar por parte de Matt Heafy. Não que antes ele estivesse sem essa confiança, mas ele realmente está melhor – vide os timbres e a variação vocal na faixa Wake [The End Is Nigh] e seu desempenho na ótima To Believe, em que a influência do produtor aparece em 100% das linhas vocais. Aqui e ali ainda escutamos aquele estilo James Hetfield [Metallica] e não há problema nisso. O Trivium é uma banda que não se acomoda!
As músicas mostram que o grupo achou seu estilo, uma maneira de compor em busca de um gênero próprio, afinal esse trabalho se mostra muito mais Thrash Metal com pegada Metalcore do que o inverso, mas sem perder o lado contemporâneo. Na parte de riffs e solos, tudo continua em alto nível. Existe uma variedade enorme de riffs e variações nas músicas, deixando tudo muito ativo e prazeroso de se escutar. Matt Heafy e Corey Beaulieu formam uma ótima dupla nas seis cordas! Aliás, vamos pegar como exemplo a faixa título [Vengeance Falls], com riffs poderosos sendo executados através de um refrão cheio de harmonias vocais e melodia.
Em geral, esse é um trabalho em que composição e letras estão passos à frente em comparação com o CD anterior, In Waves, de 2011. Realmente, mostraram um crescimento consistente.
Enquanto qualquer um que sabe o básico de Espanhol pra se ter uma conversação sabe que o Asesino não é pra ser levado tão a sério em termos de letra; em termos de música, este álbum é incrível. A primeira coisa a ser reparada é a qualidade de produção simplesmente fora de série, que é uma das melhores que eu já ouvi em um álbum de death/grind. O som é polido e definido, o que permite ao ouvinte sacar melhor o álbum, em vez de tentar "decifrar" o que está sendo tocado, no caso de muitos álbuns de death/grind.
Com Dino Cazares sendo a estrela do show, seus riffs guiam a música, geralmente alternando entre riffs sujos típicos do grindcore a palhetadas "metralhadora". Ele também joga uns riffs thrash [e alguns quase melódicos] no meio, dando um som bem distintos à música feita pela banda. O baixo de Tony Campos soa bastante audível também, ajudando bastante a realçar o peso das músicas. Os vocais de Tony também ficaram incríveis, alternando entre guturais médio-graves e rasgados bem altos. Se você entende de obscenidades em espanhol, vai rir muito.
Mas na minha opinião, o auge do disco é a bateria. Emilio Marquez sentou a mão valendo na gravação! Um bom tempo foi gasto equalizando e timbrando o som da bateria, que ficou animal. O caixa de Emilio ficou com um som dos mais intensos, especialmente nas partes de blast-beats. Ele também põe umas coisas de pedal duplo bem intensas e bastante insanas. Uma das melhores coisas do Asesino é a sincronia entre guitarra e bateria, que faz o som deles ainda mais pesado e técnico [vide os riffs iniciais de Regresando Odio e Perro Primero].
O disco também conta com participações especiais de Jamey Jasta [vocal do Hatebreed - aqui, creditado como "El Odio"] na faixa Regresando Odio, e também de Andreas Kisser [guitarrista do Sepultura - aqui, creditado como "Sepulcuro"].
Enfim, se você gosta de death/grind ou apenas quer ouvir algo bem brutal, "Cristo Satánico" é uma ótima pedida. Provavelmente, é um dos melhores álbuns do gênero. Recomendo.
Californianos
não precisam de muito tempo para dizer o que pensam. Mas
são contundentes quando o fazem.
O
Throwdown é uma banda de straight edge hardcore e para quem não
sabe do que se trata, vale fazer um breve resumo, já que isso é um
tópico importante a ser considerado. Se não é o seu caso, pule o
próximo parágrafo.
'Straight
edge' é um movimento que surgiu dentro do punk e do hardcore e que
tem como base uma correção de comportamento: seus adeptos não usam
álcool, drogas, cigarro e são contra a promiscuidade normalmente
associada ao rock n' roll – ou seja, são contra toda a 'reckless
life' da trilogia 'sexo, drogas e rock n' roll'. Muitas vezes são
vegetarianos e alguns, mais radicais, veganos. Muitos também não
ingerem cafeína nem remédios.
Formada
em 1997, a banda Throwdown sofreu diversas reformulações e hoje é
o projeto de duas cabeças: Dave Peters (voz e guitarra) e Mark
Mitchell (baixo). Nenhum dos dois são integrantes da formação
original, o que reforça a ideia de que o Throwdown é uma espécie
de conceito – que o digam os fãs. Quando sai em turnê, a dupla
conta com mais quatro músicos no palco.
Vamos
ao álbum. Embora ostente o rótulo hardcore, que hoje está
associado a uma série de sub estilos que incluem elementos melódicos
e vocais limpos - o que o Throwdown faz é um som muito mais 'pesado'
e sujo, lembrando Sepultura e Pantera. E "Intolerance"
passeia nessa praia da música agressiva, sem meias palavras nem
sutilezas.
O
álbum, que pode ser ouvido na íntegra no player abaixo, abre com
"Fight Or Die", uma faixa que deixa clara a mensagem que o
Throwdown sugere ao longo do álbum: é preciso tomar uma posição,
se defender com violência quando preciso, superar as fraquezas e
encarar as consequências sem arrependimento.
É difícil destacar essa ou aquela faixa, pois "Intolerance" é bastante linear. As únicas pausas na brutalidade do som estão no intervalo entre as faixas, o que torna a audição do disco bastante catártica. E isso faz desse álbum uma boa trilha sonora para treinar qualquer tipo de luta.
Uma coisa que chama a atenção em "Intolerance" é sua brevidade. As 11 faixas não chegam a 30 minutos. Não há introduções, pontes ou um refrão propriamente dito. É tudo na cara. Parece que o Throwdown não precisa de muito tempo para dizer o que pensa. Mas é contundente quando o faz.
Exatamente como soaria um martelo de 10
toneladas.
Após
o lançamento do 1º álbum da banda, o "Burn My Eyes" de
1994, o Machine Head tinha que provar para o mundo que eles não eram
uma banda "One Hit Wonder" e que poderiam repetir a dose, e
até mesmo soarem melhor. E eu, assim como muitos fãs da banda,
acredito que eles conseguiram.
The More Things Change, disco de 1997.
A
diferença mais notável entre o "Burn My Eyes" e o "The
More Things Change..." é o andamento. Enquanto o álbum de 1994
tem sua parcela de músicas pesadas e também tinha um bom número de
músicas rápidas e agressivas, no "The More Things Change..."
os caras querem usar de suas "marretas de 10 toneladas" e
botar pra fuder de todas as maneiras possíveis. Eles fazem isso com
riffs lentos e pesados "pa porra". Com este álbum, o
Machine Head pôs o groove metal em um novo patamar. Todas as músicas
soam bem pesadas, mas sem deixar o aspecto groovado de lado. Mesmo
que a voz de Robb Flynn ainda soe bem crua e os gritados soem bem
“primitivos”, ele usa um pouco mais de voz limpa do que antes.
O
álbum também é o primeiro da banda com seu atual baterista, Dave
McClain. Ele, pelo jeito, não sentiu tanto assim o peso de
prosseguir o trabalho que antes era feito por Chris Kontos, visto que
Dave é um baterista bem melhor. A bateria neste álbum complementa
muito bem o peso dos riffs, com levadas mais trabalhadas nos tons e
no pedal duplo e as viradas são bem mais intrincadas.
O
álbum começa com “Ten Ton Hammer”, uma música cadenciada com
bastante “apito” de harmônicos naturais, por parte das
guitarras, com grooves bem dosados e refrão bem carregado no peso. A
próxima, “Take My Scars”, com guitarras e bateria “martelando
tudo”, provavelmente é uma das músicas de groove metal mais
pesadas já gravadas. E aí vem “Struck a Nerve”, a mais rápida
do disco. Pessoalmente falando, eu não consigo escutar essa música
sem aumentar o volume e querer estar em um moshpit. Estas 3 primeiras
já são clássicos do Machine Head e são frequentemente tocadas em
seus shows.
A
próxima é “Down to None”, que começa com um riff de guitarra
bem ‘estranho’ que se transforma em um riff arrasa quarteirão,
que daí então, puxa pro verso que é impulsionado pela bateria e
pelos vocais, daí muda de lento pra rápido várias vezes. O que é
bem legal, essa variação. Essa música é seguida por “The
Frontlines” e “Spine”, ambas bem groovadas e pesadas também.
Da Esquerda para a direita: Adam Duce [baixo], Robb Flynn [vocal e guitarra], Dave McClain [bateria] e Logan Mader [guitarra].
E eis
que o Machine Head volta com uma faixa rápida, “Bay of Pigs”,
que tem um contexto bem similar a “Struck a Nerve”. “Bay of
Pigs” tem versos bem intensos e daí, dá uma desacelerada pro
refrão. A próxima é “Violate”, que é provavelmente a mais
lenta e mais emocional do disco, com Flynn usando vocais limpos.
“Blistering” traz de volta a energia e a empolgação, com
refrãos pesados e tempos quebrados. O álbum termina com “Blood of
the Zodiac”, mais uma da categoria “pesada e lenta”.
Porém,
na minha opinião, este ainda não é o melhor álbum do Machine
Head, é um dos mais diferentes que eles já fizeram. Não que isso
seja algo ruim, eles puseram o groove metal em um nível maior, só queria acrescentar que a banda evoluiu bastante do começo até agora.
Saca a lapada aí, a música "Ten Ton Hammer", que você vai entender o que eu tô dizendo.
P.S.: Queria terminar dando um alô pro pessoal da página Machine Head Brasil, no Facebook.