quinta-feira, 19 de junho de 2014

Trivium - 2013 - Vengeance Falls

Consigo facilmente imaginar David Draiman cantando as músicas deste CD.

Este CD do Trivium contou com a produção de David Draiman [Disturbed] e de imediato percebe-se que ele trouxe mais confiança na maneira de cantar por parte de Matt Heafy. Não que antes ele estivesse sem essa confiança, mas ele realmente está melhor – vide os timbres e a variação vocal na faixa Wake [The End Is Nigh] e seu desempenho na ótima To Believe, em que a influência do produtor aparece em 100% das linhas vocais. Aqui e ali ainda escutamos aquele estilo James Hetfield [Metallica] e não há problema nisso. O Trivium é uma banda que não se acomoda!

As músicas mostram que o grupo achou seu estilo, uma maneira de compor em busca de um gênero próprio, afinal esse trabalho se mostra muito mais Thrash Metal com pegada Metalcore do que o inverso, mas sem perder o lado contemporâneo. Na parte de riffs e solos, tudo continua em alto nível. Existe uma variedade enorme de riffs e variações nas músicas, deixando tudo muito ativo e prazeroso de se escutar. Matt Heafy e Corey Beaulieu formam uma ótima dupla nas seis cordas! Aliás, vamos pegar como exemplo a faixa título [Vengeance Falls], com riffs poderosos sendo executados através de um refrão cheio de harmonias vocais e melodia.

Em geral, esse é um trabalho em que composição e letras estão passos à frente em comparação com o CD anterior, In Waves, de 2011. Realmente, mostraram um crescimento consistente.


Asesino - 2006 - Cristo Satánico

Arriba, muchacho, disco muy bueno!!!

Enquanto qualquer um que sabe o básico de Espanhol pra se ter uma conversação sabe que o Asesino não é pra ser levado tão a sério em termos de letra; em termos de música, este álbum é incrível. A primeira coisa a ser reparada é a qualidade de produção simplesmente fora de série, que é uma das melhores que eu já ouvi em um álbum de death/grind. O som é polido e definido, o que permite ao ouvinte sacar melhor o álbum, em vez de tentar "decifrar" o que está sendo tocado, no caso de muitos álbuns de death/grind.

Com Dino Cazares sendo a estrela do show, seus riffs guiam a música, geralmente alternando entre riffs sujos típicos do grindcore a palhetadas "metralhadora". Ele também joga uns riffs thrash [e alguns quase melódicos] no meio, dando um som bem distintos à música feita pela banda. O baixo de Tony Campos soa bastante audível também, ajudando bastante a realçar o peso das músicas. Os vocais de Tony também ficaram incríveis, alternando entre guturais médio-graves e rasgados bem altos. Se você entende de obscenidades em espanhol, vai rir muito.

Mas na minha opinião, o auge do disco é a bateria. Emilio Marquez sentou a mão valendo na gravação! Um bom tempo foi gasto equalizando e timbrando o som da bateria, que ficou animal. O caixa de Emilio ficou com um som dos mais intensos, especialmente nas partes de blast-beats. Ele também põe umas coisas de pedal duplo bem intensas e bastante insanas. Uma das melhores coisas do Asesino é a sincronia entre guitarra e bateria, que faz o som deles ainda mais pesado e técnico [vide os riffs iniciais de Regresando Odio e Perro Primero].

O disco também conta com participações especiais de Jamey Jasta [vocal do Hatebreed - aqui, creditado como "El Odio"] na faixa Regresando Odio, e também de Andreas Kisser [guitarrista do Sepultura - aqui, creditado como "Sepulcuro"].

Enfim, se você gosta de death/grind ou apenas quer ouvir algo bem brutal, "Cristo Satánico" é uma ótima pedida. Provavelmente, é um dos melhores álbuns do gênero. Recomendo.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Throwdown - Intolerance

Californianos não precisam de muito tempo para dizer o que pensam.
Mas são contundentes quando o fazem.

O Throwdown é uma banda de straight edge hardcore e para quem não sabe do que se trata, vale fazer um breve resumo, já que isso é um tópico importante a ser considerado. Se não é o seu caso, pule o próximo parágrafo.

'Straight edge' é um movimento que surgiu dentro do punk e do hardcore e que tem como base uma correção de comportamento: seus adeptos não usam álcool, drogas, cigarro e são contra a promiscuidade normalmente associada ao rock n' roll – ou seja, são contra toda a 'reckless life' da trilogia 'sexo, drogas e rock n' roll'. Muitas vezes são vegetarianos e alguns, mais radicais, veganos. Muitos também não ingerem cafeína nem remédios.
Formada em 1997, a banda Throwdown sofreu diversas reformulações e hoje é o projeto de duas cabeças: Dave Peters (voz e guitarra) e Mark Mitchell (baixo). Nenhum dos dois são integrantes da formação original, o que reforça a ideia de que o Throwdown é uma espécie de conceito – que o digam os fãs. Quando sai em turnê, a dupla conta com mais quatro músicos no palco.

Vamos ao álbum. Embora ostente o rótulo hardcore, que hoje está associado a uma série de sub estilos que incluem elementos melódicos e vocais limpos - o que o Throwdown faz é um som muito mais 'pesado' e sujo, lembrando Sepultura e Pantera. E "Intolerance" passeia nessa praia da música agressiva, sem meias palavras nem sutilezas.

O álbum, que pode ser ouvido na íntegra no player abaixo, abre com "Fight Or Die", uma faixa que deixa clara a mensagem que o Throwdown sugere ao longo do álbum: é preciso tomar uma posição, se defender com violência quando preciso, superar as fraquezas e encarar as consequências sem arrependimento.

É difícil destacar essa ou aquela faixa, pois "Intolerance" é bastante linear. As únicas pausas na brutalidade do som estão no intervalo entre as faixas, o que torna a audição do disco bastante catártica. E isso faz desse álbum uma boa trilha sonora para treinar qualquer tipo de luta.

Uma coisa que chama a atenção em "Intolerance" é sua brevidade. As 11 faixas não chegam a 30 minutos. Não há introduções, pontes ou um refrão propriamente dito. É tudo na cara. Parece que o Throwdown não precisa de muito tempo para dizer o que pensa. Mas é contundente quando o faz.

Machine Head - 1997 - The More Things Change...

Exatamente como soaria um martelo de 10 toneladas.

Após o lançamento do 1º álbum da banda, o "Burn My Eyes" de 1994, o Machine Head tinha que provar para o mundo que eles não eram uma banda "One Hit Wonder" e que poderiam repetir a dose, e até mesmo soarem melhor. E eu, assim como muitos fãs da banda, acredito que eles conseguiram.
The More Things Change, disco de 1997.
A diferença mais notável entre o "Burn My Eyes" e o "The More Things Change..." é o andamento. Enquanto o álbum de 1994 tem sua parcela de músicas pesadas e também tinha um bom número de músicas rápidas e agressivas, no "The More Things Change..." os caras querem usar de suas "marretas de 10 toneladas" e botar pra fuder de todas as maneiras possíveis. Eles fazem isso com riffs lentos e pesados "pa porra". Com este álbum, o Machine Head pôs o groove metal em um novo patamar. Todas as músicas soam bem pesadas, mas sem deixar o aspecto groovado de lado. Mesmo que a voz de Robb Flynn ainda soe bem crua e os gritados soem bem “primitivos”, ele usa um pouco mais de voz limpa do que antes.
O álbum também é o primeiro da banda com seu atual baterista, Dave McClain. Ele, pelo jeito, não sentiu tanto assim o peso de prosseguir o trabalho que antes era feito por Chris Kontos, visto que Dave é um baterista bem melhor. A bateria neste álbum complementa muito bem o peso dos riffs, com levadas mais trabalhadas nos tons e no pedal duplo e as viradas são bem mais intrincadas.
O álbum começa com “Ten Ton Hammer”, uma música cadenciada com bastante “apito” de harmônicos naturais, por parte das guitarras, com grooves bem dosados e refrão bem carregado no peso. A próxima, “Take My Scars”, com guitarras e bateria “martelando tudo”, provavelmente é uma das músicas de groove metal mais pesadas já gravadas. E aí vem “Struck a Nerve”, a mais rápida do disco. Pessoalmente falando, eu não consigo escutar essa música sem aumentar o volume e querer estar em um moshpit. Estas 3 primeiras já são clássicos do Machine Head e são frequentemente tocadas em seus shows.
A próxima é “Down to None”, que começa com um riff de guitarra bem ‘estranho’ que se transforma em um riff arrasa quarteirão, que daí então, puxa pro verso que é impulsionado pela bateria e pelos vocais, daí muda de lento pra rápido várias vezes. O que é bem legal, essa variação. Essa música é seguida por “The Frontlines” e “Spine”, ambas bem groovadas e pesadas também.
Da Esquerda para a direita: Adam Duce [baixo], Robb Flynn [vocal e guitarra], Dave McClain [bateria] e Logan Mader [guitarra].
E eis que o Machine Head volta com uma faixa rápida, “Bay of Pigs”, que tem um contexto bem similar a “Struck a Nerve”. “Bay of Pigs” tem versos bem intensos e daí, dá uma desacelerada pro refrão. A próxima é “Violate”, que é provavelmente a mais lenta e mais emocional do disco, com Flynn usando vocais limpos. “Blistering” traz de volta a energia e a empolgação, com refrãos pesados e tempos quebrados. O álbum termina com “Blood of the Zodiac”, mais uma da categoria “pesada e lenta”.

Porém, na minha opinião, este ainda não é o melhor álbum do Machine Head, é um dos mais diferentes que eles já fizeram. Não que isso seja algo ruim, eles puseram o groove metal em um nível maior, só queria acrescentar que a banda evoluiu bastante do começo até agora.
Saca a lapada aí, a música "Ten Ton Hammer", que você vai entender o que eu tô dizendo.


P.S.: Queria terminar dando um alô pro pessoal da página Machine Head Brasil, no Facebook.