domingo, 18 de maio de 2014

Decapitated - Organic Hallucinosis

Enquanto o Decapitated é teoricamente definido como uma banda de death metal técnico, eles não ficam presos a esse rótulo no caso de Organic Hallucinosis. Estas faixas se mostram acima de tudo bem groovadas, passagens de riffs bem atonais juntos ao rolo compressor costumeiro da bateria de Vitek. Não quero dizer que Organic Hallucinosis é um álbum ruim, pelo contrário, mas é algo bem fora do costume destes poloneses.

Se eu disser que não curti esse álbum, eu estaria mentindo. "A poem about an old prison man" abre o disco como um verdadeiro petardo que rapidamente segue com os riffs tradicionais de Vogg após um breve falso começo. Eu sou meio indiferente quanto aos vocais de Covan ao todo, mas neste álbum soa bem cativante. A inclinação mais dissonante e atmosférica da segunda metade da música cai efetivamente em "Day 69". Esta é facilmente a melhor faixa aqui, com uma crescente de tensão durante a introdução e os versos, matadores, por sinal. As letras nessa música mencionam um pouco sobre viciados em drogas e/ou pessoas sem teto. Não sei qual dessas, mas a linha "Sewers running through my veins" [esgoto correndo em minhas veias] é bem da hora. "Flash B(l)ack" também é memorável pela excelência dos riffs, em particular. Vogg alcançou um timbre bem potente aqui: sombrio durante as passagens mais atmosféricas e angustiante no resto dos riffs. 

Variações podem ser um problema, mesmo quando a duração do álbum é curta. É sempre um problema dos álbuns do Decapitated e Organic Hallucinosis não fugiu à regra. Algumas coisas do álbum são bem genéricas e faltam objetividade. A proposta inicial continua intacta, "Post (?) Organic" é pesada pra cacete, mas comparada com as 2 primeiras faixas, não é muita coisa. Isso nos leva aos vocais. Covan está mais comedido em alguns momentos, poderia se soltar, se mostrar mais. Ele soa como se estivesse se segurando por algum motivo. Ao menos ele tem uma boa dicção e os vocais são bem compreensíveis, o que já é um ponto a mais, pois dá pra saber o que ele está cantando.

A bateria de Vitek está mais inventiva e criativa do que rápida. Ele aparenta estar um tanto contido, nunca deixando se soltar demais no quesito velocidade. A natureza groovada de muitas das músicas o força a se ater a um ponto de vista mais trabalhado de bumbos e passagens mais curtas de blast-beats. Ele de fato, nunca tem um espaço de "botar o pedal pra correr". Mas pouco importa, Organic Hallucinosis soa incrível, este álbum deveria ser considerado como um padrão para o que o death metal moderno deveria soar. Todas as partes se misturam para, no fim, fazer algo bem coeso.

A maioria dos fãs parece desprezar Organic Hallucinosis devido ao seu approach de vocal inusitado. O que é uma pena, pois aqui tem um material bem decente; só não espere que seja técnico.

Sente a pressão!