sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Katatonia - The Great Cold Distance

Desencorajados? Jamais.


Parece que existe uma certa tendência no Metal de bandas que antes faziam um som puxado pra linha do Doom/Death resolveram adentrar no território do Rock. Agalloch mostrou essa influência de post-rock no álbum "The Mantle", e a Amorphis têm estado nessa há bastante tempo também. No entanto, a Katatonia fez isso de forma mais sutil. (e creio eu que fizeram da melhor maneira.)
O som no geral, se tornou mais acessível aos ouvidos, e Jonas (Renske, vocalista) eventualmente deixou os vocais guturais de lado para aderir de vez aos vocais mais limpos e mais expressivos, por assim dizer. "The Great Cold Distance" é um álbum com um aspecto bem maduro, bastante denso e honesto pra manter o ouvinte entretido por um tempo. E também é um álbum com bastante experimentações, claramente mostradas no uso de bateria programada nos versos de "Increase", e as notas ecoantes e doloridas que ressoam de fundo, durante o refrão de "Deliberation". No entanto, algumas faixas são bastante diretas e soam, ainda assim, pesadas. (Ex.: "Leaders", "Consternation".

Dá pra ver que a banda passou um bom tempo escrevendo estas músicas e prestou uma grande atenção aos detalhes e pequenas nuanças. Mesmo que muitas das músicas sigam uma estrutura muito simples, nada é mantido de uma forma só; os padrões de vocal mudam, entra uma nova linha de guitarra na mix, ou a linha de bateria muda, essas coisas. Falando nisso, o trabalho da bateria é incrivelmente legal de se ouvir, acentos bastante sutis no chimbal e na condução adicionam um tempero a mais, viradas precisas e feitas com muito cuidado pra transitar pelas passagens de cada música. No mais, o estilo da bateria é forte e progressivo; definitivamente é um ponto forte do disco. Voltando ao assunto da composição, a Katatonia alcançou um ponto de maturidade artística no gênero que não é fácil de se ver. Pode não ser o melhor álbum deles de acordo com algumas pessoas, mas certamente é um novo capítulo e um feito na discografia da banda.

Outra coisa bastante interessante é na produção. Mesmo que que haja muitos efeitos nas guitarras, nenhuma das alterações afeta a visão sobre o disco de forma negativa. O clima passado no disco só pode ser descrito como introspectivo: amargo, frustrado, deprimido e destacado são apenas algumas palavras que conseguem descrever melhor. Jonas Renske é o principal fornecedor desses estados de espírito e está totalmente posto no topo desse jogo. Liricamente, a banda nunca esteve tão bem. Cada palavra é escrita com uma sinceridade verdadeira e paixão, e a maioria das letras são memoráveis em sua própria postura. Temas pessoais são explorados, aprofundando-se em temas como separação daqueles que se amam, e confusão interior. A voz de Jonas também é um ponto forte, está mais dinâmica e está mais apta a se adaptar às seções mais quietas com facilidade enquanto mantém o poder que ela precisa em músicas como "My Twin" e "In the White".

O baixo também tem sua parcela de importância no disco. Mais do que um simples instrumento de fundo, é um instrumento totalmente independente e tece umas linhas interessantes ao redor do resto da banda. Em seus momentos autônomos, como no verso de "Increase", o baixo adiciona mais profundidade ao som como um todo. À medida que tudo se junta, o som passa a sensação de melancolia.

"The Great Cold Distance" se firma como um verdadeiro ponto de referência na discografia da Katatonia. Altamente recomendado.

Músicas favoritas: "Deliberation", "My Twin", "Rusted", "Increase", "In the White."
Pra quem ainda não entendeu do que eu tô falando, lá vai.


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